História

Nossa Fundação

Em 1889, nasceu o Santos Athletic Club. Uma ideia que surgiu dos jogos de cricket que ocorriam na praia cuja função era, simplesmente, regulamentar estas partidas. Nesta época, o Clube, sem sede própria, era composto por funcionários da São Paulo Railway, da Cia City e de membros da colônia inglesas residentes em Santos que trouxeram em sua bagagem os hábitos e a prática dos esportes ingleses.

O grande impulso
Santos, em 1888, alcança um desenvolvimento surpreendente através da evolução do comércio cafeeiro. O lazer e o esporte ganham grande impulso e clubes esportivos e recreativos começam a surgir em uma tentativa de se organizar atividades atléticas e sociais.
A prática do críquete, originada na Inglaterra no século XV, torna-se um hábito britânico na cidade. Destes jogos de críquete, realizados na praia, surge a idéia de se fundar um clube atlético. Como tantos outros clubes da época, organizados sem sede social, um grupo de ingleses, liderados pelo australiano Alexander Kealman, corretor de câmbio, reuniram-se nos escritórios da firma Naumann Gepp & Co e lá elegeram a primeira diretoria do Santos Athletic Club, no dia 15 de agosto de 1889. Esta diretoria era composta pelo presidente, W. Ellis; vice-presidente W. S. Baillie; secretário, A. Miller; tesoureiro: A. Sell, e os diretores: J.W. Kempster, E.U. Broad e C.H. Tross.

Dez anos mais tarde, Alfred Sell, gerente da Western Telegraph Co., e Alexandre Kealman, incentivaram a compra de três terrenos localizados próximos ao sopé do morro do José Menino, unindo ao cricket a prática do atletismo e do tênis.

No ano de 1908, toda a área que o Clube hoje ocupa, já estava comprada. A primeira sede era um chalé de madeira destinado à guarda de material esportivo. Desta data até hoje já tivemos três, sempre mantendo o aconchego de um "pub" inglês. Com a criação da nova sede e a fusão com o Anglo American Club, muitas modificações ocorreram.

O Clube passa intensificar sua vida social com a presença das mulheres. Surge o chá das cinco, a sala de bilhar, o salão de baile e o palco.

Com a Segunda Grande Guerra o “football” é a nova mania. A partir daí, surge a abertura para a admissão de sócios de qualquer nacionalidade.

Na Era Vargas, o clube passa a chamar-se Santos Atlético Clube, mas continua a ser conhecido como Clube dos Ingleses.

Em 1967, outro novo impulso é dado com a construção da piscina e o stand de tiro. E assim, por todos estes anos, o Clube dos Ingleses vem sempre acrescentando modalidades esportivas e sociais para atender seus associados.

Os ingleses em São Paulo e Santos
Com a chegada dos ingleses em Santos e São Paulo, muita coisa mudou. Trouxeram conhecimento trazidos nos processos de saneamento, infra-estrutura urbana, transporte e comunicação, fundamentais na evolução das cidades. O estilo de vida inglês também chegou até aqui onde os cavalheiros aderiram ao uso de guarda-chuvas, bengalas e monóculos. As roupas de casimira, calças de flanela, gravatas, calças de barra dobrada à inglesa e o chapéu redondo.

A alimentação tornou-se mais sofisticada com a importação de manteiga inglesa, chás, canela, cereja etc. Nas casas, a influência destacava-se nas cristaleiras, aparadores, escrivaninhas, lavatórios e cadeiras.

No início do século XX, ser como os ingleses era a grande aspiração da classe média. O footing pelas ruas centrais da cidade, passear, fazer compras e tomar chá foram hábitos incorporados; falar inglês era chique, o cultivo e a exportação de orquídeas eram exemplos da marcante presença inglesa no país. Mas, foi na arquitetura a grande influência inglesa: monumentos de ferro e tijolos aparentes são encontrados na cidade, destacando-se a estação de passageiros da São Paulo Railway.

Os jogos de cricket e tênis, as partidas de golfe e as corridas de cavalos passaram a ser grandes eventos sociais. Começam a surgir os clubes ingleses, as escolas e igrejas. E é, justamente nesta época, no mês de agosto de 1889 que, um grupo de ingleses, praticantes do críquete, resolve fundar um clube para a prática esportiva, o Clube dos Ingleses, chamado Santos Athletic Club. Após a I Guerra, a influência americana se torna mais marcante e, após a II Guerra Mundial diminui a presença britânica no país.

A Sportiva Annual
Não eram comuns atividades festivas em um clube esportivo, mas o Clube dos Ingleses anualmente recebia convidados para sua Sportiva Annual, devidamente registrada na imprensa local. Nestes eventos, o campo era todo decorado com bandeiras, e uma enorme tenda era disposta ao lado dele, onde se instalava um serviço de buffet para os convidados. Marinheiros e oficiais da divisão naval que se encontravam no porto dirigiam-se ao clube, onde eram recebidos ao som do hino inglês e organizavam-se provas para participarem do evento. Entre as provas de atletismo disputadas no Campo dos Ingleses encontramos salto a distância, o salto em altura, arremesso de peso, corrida de bicicleta, corrida de ¼ de milha, prova dos 200 e 120 metros, além de provas para crianças, como a corrida das meninas e a corrida dos garotos. Eram ainda organizadas provas como a corrida do saco, cabo de guerra, corrida de três pernas e a corrida do burro. De todas as provas, a mais esperada era sem dúvida a Challenge Cup do jards flat race, em que o ganhador levava para casa o Corpo de Ouro.

O cronista De Vaney, no levantamento para o Jornal dos Esportes, provou ser Santos o município mais esportivo do Brasil e orgulha-se o Clube dos Ingleses de ser o mais antigo clube atlético da cidade.

As Cores do Clube

As cores do clube surgiram na época em que Santos, que contava com 20 mil habitantes e 2 mil casas no início do ano de 1889, assistiu a epidemia de febre amarela, que grassava por toda a região. Contam as lembranças do clube que, tendo sido marcada uma partida de críquete em São Paulo, o Santos Athletic Club viu seus jogadores serem acometidos pela doença e, em função disto, estabeleceu como suas cores oficiais: azul, do céu; amarelo, da febre; e preto, do luto.

É certo que, em fins de maio de 1889, o surto da febre amarela, após vitimar 733 pessoas, abrandou e, o Sr. F.S. Hampshire ofereceu Rs 940$000 (novecentos e quarenta mil réis), em nome da colônia inglesa, ao Hospital Beneficência Portuguesa, a fim de demonstrar a gratidão dos ingleses pelo atendimento e tratamento de saúde que receberam nos dias mais dramáticos do surto.

E, desde o dia 8 de janeiro de 1898, quando a Associação Santos Athletic Club registrou seus Estatutos Sociais e estabeleceu individualidade jurídica, estas são as cores que passaram a figurar como distintivos do clube.

Primeiras sedes

As primeiras instalações da sede do clube se resumiam a um pavilhão de madeira usado para guardar o material usado nos jogos de críquete. Esse pavilhão, que também abrigava os vestiários, possuía uma varanda de onde eram apreciados esses jogos e as competições esportivas.

Em 1908, quando o clube estendeu suas terras até a Rua 206, recém-aberta pela Comissão de Saneamento, nova sede em madeira foi construída, pelo engenheiro Dr. G. Krug, contendo um pequeno salão onde, nos fins de semana, eram servidos chás, organizados pelas senhoras.

Nesta época, o clube - que mantém pequena extensão de terra que chega até a praia, aproveita-se disso para colocar sua entrada principal voltada para a referida rua. Nesta sede foi recebido Rui Barbosa, em 1912.

No ano seguinte, a sede foi transportada para a lateral do terreno, alinhando-se à Rua 186 que, em 1923, passa a se chamar Rua Santa Catarina. Este chalé em madeira tinha sua entrada voltada para aquela rua. Era composto por um salão central, vestiários, bar e sala de estar, possuía enorme varanda, circundando-o por três lados, de onde se podia ver toda a extensão de terra do clube. Do seu lado esquerdo encontravam-se quatro quadras de tênis, e do seu lado direito, mais duas. Da varanda também se podia ver a quadra de tênis localizada no ponto oposto, a esquina da Rua Santa Catarina com a Rua Rio Grande do Sul.

Em alvenaria
No dia 9 de dezembro de 1927, o clube, através da empresa O.Ribeiro & Cia. Ltd., dá entrada ao pedido de licença para ampliar sua sede social. Do projeto, supervisionado por Dr. Antenor Bué, constava a ampliação da área para a construção de um salão com palco, salas de leitura e bilhar, sala de estar ampliada e a instalação de vestiários femininos. O pedido foi negado por ser uma sede em madeira, e tal construção não era mais permitida no perímetro urbano. Além disso, discutia-se a questão do alinhamento do terreno em relação à Rua Santa Catarina.

Enquanto discute a união ao Anglo American Club, o SAC analisa a possibilidade de erguer a sede social em alvenaria. O clube estava em grande dificuldade financeira, pois as receitas não cobriam as despesas, e era necessário esperar que se concluísse a fusão dos dois clubes, o que ocorreu em 19 de abril de 1934 - quando também ficou estabelecida a necessidade de nova sede social. No dia 18 de julho de 1934 foi expedida a Carta de Habitação nº 144, e o Baile Inaugural da nova sede ocorreu no dia 3 de agosto de 1934.

Local Girls Guides Brownies and Cubs Org.
Nessa época, a Associação Local Girls Guides solicitou permissão para construir, dentro da área do clube, um quarto para guardar material e realizar as reuniões de escoteiros e bandeirantes, responsabilizando-se tal associação pelos gastos e custos da obra, na qualidade de concessão de uso. Ficou estabelecido que a Associação Girls Guides presentearia o clube com a soma de três contos de réis, empregados na construção da sala a ser usada para suas reuniões. O cômodo foi erguido próximo às quadras 5 e 6. Em 1937, passou por reforma e pintura.

Em setembro de 1940, a agora intitulada Local Girl Guides, Brownies and Cubs Organization encerrou suas atividades, por força da legislação que vigorava na época, e o pavilhão destinado a ela foi requisitado pelas sócias, sugerindo que fosse disponibilizado para atividades infantis.

A Escola do Povo

No dia 10 de agosto de 1895, em São Vicente, era fundada a Sociedade Escola do Povo, para "auxiliar o desenvolvimento da instrução popular". Esta associação se compõe de sócios de ambos os sexos, que contribuíam mensal e periodicamente ou de uma vez só, o valor de 200 mil réis, tornando este sócio remido. Esta associação funcionava num terreno doado pela Prefeitura, na Praça Coronel Lopes, 37, e sua primeira diretoria foi presidida pelo Sr. Alberto Veiga.

Em 1910, o governo do Estado propõe instalar um grupo escolar em sua sede e contribuir financeiramente para a construção de um salão que se destinará a refeitório, sala de pintura e música, aumentando a área da Escola do Povo e proporcionando maior infra-estrutura. Embora o acordo fosse firmado, a verba encaminhada não foi suficiente e o governo estadual recuou na proposta, deixando a associação com uma obra inacabada.

Assim, em 29 de julho de 1911 é convocada uma assembléia geral extraordinária, presidida por Antão Alves de Moura, para se estabelecer se a escola deve deixar de existir, uma vez que sua razão principal havia sido descaracterizada. É votada a transferência de todos os direitos sobre os bens para a nova sociedade, que será chamada de Clube Vicentino.

O estatuto do clube assim fundado traz como objetivo da sociedade manter e explorar uma casa de diversão no local de sua sede, promovendo e facilitando divertimentos de sua e alheia iniciativa. Em caso de dissolução da sociedade, seu prédio deveria ser doado ao governo do Estado para abrigar um grupo escolar. Os móveis e utensílios que existissem seriam vendidos e seu produto, depois de quitadas as dívidas, encaminhado ao Asilo de Órfãos de Santos.

Foi instalado um cinematógrafo e organizadas aulas de dança no salão. Também foi aberto um botequim nas dependências anexas, mas, por falta de público, acabou por fechar. Na tentativa de melhorar a vida financeira da entidade, foram propostas parcerias a empresas de exibição de filmes, e também ao Theatro Parisien para que realizasse diversões nos edifícios, nos dois casos sem nenhum sucesso. Isso e a diminuição no pagamento das mensalidades levou a diretoria a concluir que a Casa de Diversões não despertou interesse na população local. Em 29 de julho de 1916, Joaquim Duarte da Silva deixou a presidência declarando que, diante desse quadro, a associação deveria ser extinta, o que foi resolvido pelos associados.

Mas, na assembléia ordinária de 25 de maio de 1917, foi aceita a proposta de se levantar um empréstimo entre os associados para pagar as dívidas do clube e, se necessário, hipotecar o prédio. Assumiu a diretoria presidida por A. Richards, que em 30 de julho desse ano convocou nova assembléia, para promover alterações nos Estatutos Sociais, modificando o nome Clube Vicentino para The Anglo American Club.

Em 27 de novembro de 1930, nova assembléia geral ordinária para mudanças no Regimento Interno, e A. Richards propôs então o início de estudos para a fusão do Anglo American Club ao Santos Athletic Club, como forma de resolver as dificuldades financeiras. Porém muito tempo se passou até que as questões jurídicas da fusão fossem solucionadas. A completa fusão desses clubes foi definida na reunião de 8 de julho de 1932.

Terminado o processo de fusão, o SAC assumiu a responsabilidade pelo imóvel de São Vicente, que tentou colocar à venda, sem sucesso. Em 31 de junho de 1935, foi alugado ao Colégio São Paulo. Em 1938, obteve-se da Prefeitura de São Vicente o título de propriedade do imóvel, permitindo vendê-lo nesse mesmo ano a Jayme de Almeida Paiva.